Considerado o maior hospital filantrópico da América Latina, a Santa Casa passa por dificuldades financeiras e, entre os demitidos, estão quase 200 médicos [ 1 2 ].
Direto ao assunto, é a conversa de sempre: Capitalismo e Comunismo. Não tem como fugir disso. No capitalismo, ou dá lucro ou quebra. Mesmo as Pessoas Jurídicas filantrópicas têm que dar lucro, no caso, arrecadar mais do que gasta (repasses do SUS e doações versus folha de pagamento, despesas operacionais, manutenção, almoxarifado, etc), do contrário, ficam endividadas e quebram, também. A diferença das PJs filantrópicas (ONGs) é que o lucro deve ser computado no balanço da PJ como sobra de caixa e não pode ser embolsado pelos diretores: me engana que eu gosto.
O capitalismo é cíclico, dividido em quatro fases:
1. Crescimento: Bancos emprestam dinheiro para empresas e pessoas, todo mundo consumindo capital, empresas empregando, uma beleza.
2. Estagnação: A economia cresce tanto que, uma hora, atinge o teto. As pessoas estão endividadas até o pescoço e não consomem mais.
3. Recessão: As empresas melhores adaptadas (promoções, liquidações, brindes, sorteios, caixa dois, sonegação, etc) vencem a concorrência e engolem as derrotadas, demitindo os funcionários das empresas incorporadas.
4. Crise: Os trabalhadores demitidos somam-se aos endividados, não consomem mais e não conseguem pagar suas dívidas. Governo entra na jogada e pega o dinheiro da saúde, educação e habitação, que beneficiaria o povão, e desvia para socorrer banqueiros e empresários.
A cada volta que esse ciclo dá, mais rica fica a burguesia e mais pobre fica o povão. Só isso, simples assim. Países com economias mais vulneráveis, como o Brasil, completam esse ciclo por mais vezes do que países com economias mais sólidas como os Estados Unidos que completaram esse ciclo em 1.929 e 2.008, aliás, como principal cliente dos outros países, os EUA levaram todos juntos para o buraco nessas duas ocasiões.
O comunismo é linear pois não tem a política do crédito que é fator determinante na formação desse ciclo capitalista. O acesso ao crédito cria uma economia artificial, baseada no povão gastar um dinheiro que ainda não recebeu. Lógico que isso vai, uma hora ou outra, dar merda. É a famosa bolha do crédito. No comunismo, a pessoa só gasta aquilo que ganhou, portanto, é uma economia planejada, sem imprevistos, a não ser de ordem ambiental: temporais com inundações, catástrofes ecológicas ou algo do tipo que destrua a fonte da economia local, as casas ou a colheita de uma região. Leia o texto do economista e ex-Ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, na revista Veja, sobre esse assunto, clicando aqui.
A pessoa jurídica é uma fonte de exploração dos funcionários e desvio de recursos por parte da diretoria, afinal de contas, se um dia a empresa quebrar, eles já terão roubado tanto, na forma de altos salários distribuídos entre a diretoria, que pouco importará, quem se fode mesmo são os trabalhadores, os usuários e o povão que verão os recursos governamentais serem desviados de programas sociais para socorrerem a empresa que quebrou.
A Santa Casa é mais uma vítima desse ciclo capitalista (corte de repasses, gastos e doações), agravado pela má gestão e, é claro, pela corrupção de seus dirigentes. Porém, o mais importante e grave nisso tudo é o regime capitalista, que trata a saúde do seu povo como mercadoria, assim como, o Direito Universal de todo Ser Humano à moradia e a educação. Leia esta reportagem da Folha de São Paulo que fez uma pesquisa que apontou que 84% dos usuários de Planos de Saúde privados enfrentaram algum tipo de problema [ 1 ].
Nenhum comentário:
Postar um comentário